A Natureza sempre foi o caminho para o homem estreitar suas relações com o divino. Por esse motivo, as florestas eram o templo sagrado de muitas civilizações e a protecção na busca de equilíbrio. Assim, percorrer os caminhos tortuosos da floresta era comum, principalmente entre os monges chineses e os taoístas, interessados em meditar e reabastecer suas energias.
Entre os elementos naturais dignos de adoração, as árvores centenárias eram o exemplo mais marcante de longevidade e superação da ação do tempo. Mesmo expostas a condições desfavoráveis, elas renasciam, floresciam e frutificavam todo ano. Era a verdadeira vitória contra a morte. Com o passar dos anos, surgiu a ideia de levar para as cidades um pouco da “essência mágica” das florestas.
As árvores, então, começaram a ser cultivadas em vasos pequenos ou bandejas, mas com a aparência de terem vivido muitos anos. Essas miniaturas eram chamadas de pun sai e cada monge budista cuidava do seu exemplar com dedicação absoluta para apresentarem uma expressão de saúde e beleza natural, mas, principalmente, para servirem de veículo à meditação.
Desenvolvida pelos chineses desde o ano 200 a.C., essa arte provavelmente foi levada ao Japão por monges. Na Era Kamakura, entre 1192 e 1333, ocorreu a primeira menção ao bonsai em terras japonesas, sinal de que os nobres já haviam descoberto esse tesouro em miniaturas de ameixeiras, cerejeiras e pinheiros plantados em vasos.
A popularidade do bonsai já era imensa na Era Edo, entre os anos de 1615 e 1867, principalmente pelas espécies floríferas e com folhagens coloridas. O período também é marcado pelo desenvolvimento das técnicas de cultivo e a criação dos estilos básicos.
Mas foi só no começo do século XX que o mundo ocidental pôde admirar a perfeição das árvores cultivadas em espaços reduzidos. As exposições destas pequenas obras de arte, criadas em conjunto pelo homem e a Natureza, davam ao mundo lições de paciência, dedicação e técnica.
O bonsai passou a ser popular nas grandes cidades carentes do contato com a Natureza. Logo, tornou-se um hobby que se espalhou por diversos países. No Brasil não é diferente. Muitas pessoas dedicam anos para dar a forma envelhecida às suas plantas, inclusive muitas nativas. Afinal, num país tropical com tantas espécies de árvores, nada mais justo do que se aventurar pelo mundo do bonsai.